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Cidades Inteligentes com Edifícios Doentes

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*Osny do Amaral Filho é Engenheiro Mecânico, Mestre em Design QAI, diretor de Marketing da Asbrav e  vice-Presidente do PNQAI – Plano Nacional de Qualidade do Ar Interior.
*Osny do Amaral Filho é Engenheiro Mecânico, Mestre em Design QAI, diretor de Marketing da Asbrav e  vice-Presidente do PNQAI – Plano Nacional de Qualidade do Ar Interior.

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Vamos começar com as definições relativas ao título deste artigo:

A Síndrome do Edifício Doente (SED) se refere à relação de causa e efeito das condições de um ambiente interno e a agressão à saúde dos ocupantes, com fontes poluentes de origem física, química ou biológica. Portanto, um edifício é considerado doente quando – pelo menos - cerca de 20% de seus ocupantes apresentam problemas de saúde associados à permanência em seu interior.



Os sintomas relacionados com a SED podem ter um impacto substancial sobre a saúde. Alguns dos sintomas comuns incluem:

·         Irritação nos olhos, nariz e garganta

·         Dores de cabeça

·         Fadiga

·         Dificuldade respiratória

·         Problemas de concentração

·         Fácil disseminação e transmissão de doenças respiratórias

Esses sintomas podem ser desencadeados por diversos fatores, como poluição do ar, má ventilação, contaminação química e micro-organismos infecciosos presentes no ambiente interno do edifício. Em alguns casos, a simples saída do local já é suficiente para que os sintomas desapareçam, mas o problema pode ocasionar distúrbios mais graves quando a exposição é prolongada.

Para prevenir a SED, é importante manter os equipamentos e estruturas do sistema de climatização livres de agentes nocivos à saúde humana. Além disso, a qualidade do ar interno tem influência direta na saúde ocupacional, afetando a produtividade e a qualidade de vida dos trabalhadores.

Portanto, a Síndrome do Edifício Doente merece atenção, e medidas devem ser tomadas para garantir ambientes saudáveis e bem-estar para os ocupantes.

O tema Edifícios Doentes remete ao início da preocupação da engenharia mundial quanto a Qualidade do Ar Interior. Vejamos:

Um dos casos pioneiros – senão, pioneiro -, aconteceu em 26 de agosto de 1976, durante um congresso de veteranos da Legião Americana, realizado em um hotel na Filadélfia, Estados Unidos, onde mais de quatro mil veteranos se reuniram. No segundo dia do congresso, alguns começaram a apresentar sintomas de pneumonia, como febre e tosse. Em dez dias, mais de 200 pessoas estavam contaminadas, e 34 delas perderam a vida. O ocorrido  ficou conhecido como a “doença dos legionários”, um episódio trágico.


The Bellevue-Stratford Hotel, Filadelfia/USA
The Bellevue-Stratford Hotel, Filadelfia/USA

A partir disso, as autoridades sanitárias americanas iniciaram uma investigação para entender o que havia acontecido. Após meses de busca, a causa foi finalmente identificada: a contaminação ocorreu através do sistema de ar-condicionado do hotel, que não passava por manutenção e limpeza. Por conta dessa falta de cuidados no sistema de ar-condicionado, os pesquisadores encontraram uma nova  bactéria, presente nos reservatórios do sistema de ar-condicionado, que foi batizada de “legionela” (Legionella pneumophila). Foi constatado que essa bactéria se espalha por meio de gotículas de água liberadas no ar pelo sistema de ar-condicionado. Quando inaladas, essas gotículas infectam as pessoas. Foi por isso que essa enfermidade passou a ser chamada de “doença dos legionários” e para os médicos, “legionelose”. A bactéria estava

Como dito, a Legionella prospera em sistemas de circulação de água, como ar-condicionado, piscinas de água quente e umidificadores de ar. Quando os encanamentos estão sujos, uma microflora se forma, proporcionando um ambiente ideal para a proliferação dessas bactérias. A contaminação ocorre principalmente pelas vias respiratórias, quando as pessoas inalam as gotículas de água contaminadas. Mesmo a três quilômetros do foco de infecção, o contágio é possível.

Desde então, outras epidemias relacionadas à doença dos legionários foram registradas em diferentes partes do mundo, reforçando a importância de manter sistemas de água e de ar-condicionado limpos e bem cuidados para evitar riscos à saúde dos ocupantes de edifícios.

O caso brasileiro: Foi só 12 anos depois da tragédia na Filadélfia, que deu-se no Brasil um caso emblemático, chacoalhando as autoridades para a importante questão dos cuidados com o sistema de ar-condicionado: a morte do então Ministro das Comunicações Sérgio Motta – governo Fernando Henrique Cardoso -,  que morreu por ter contraído a legionella, em seu gabinete, no prédio do Ministério das Comunicações, em Brasília.  Motta perdeu a vida em 19 de abril daquele ano,  em São Paulo, depois de dez dias internado, devido a complicações respiratórias. Sua morte ficou associada à Síndrome do Edifício Doente (SED), que, como explicado, se refere a problemas de saúde relacionados à qualidade do ar interior em edifícios.

A SED é caracterizada por um conjunto de condições ambientais que afetam a saúde dos ocupantes de um prédio. Cerca de 15% a 30% dos indivíduos que trabalham ou frequentam esses ambientes podem desenvolver doenças respiratórias devido a fatores como má ventilação, contaminação química e micro-organismos presentes no ar interno de salas fechadas.

No caso específico do Ministro Sérgio Motta, o problema estava relacionado ao sistema de ar-condicionado central em seu gabinete, no Ministério das Comunicações, em Brasília. Especialistas apontaram que o acúmulo de sujeira nos dutos do sistema de ar-condicionado era um dos principais fatores. O ar frio desumidificava o ambiente, mas permitia que fungos, mofo, bactérias, vírus e ácaros permanecessem no ambiente, o que potencialmente causava doenças respiratórias alérgicas.


Doenças respiratórias adquiridas em salas fechadas sem renovação de ar -  No Brasil, a Legionella é mais disseminada do que se supõe, especialmente em grandes centros urbanos e nos chamados “edifícios doentes”. Foi preciso que um ministro morresse para que desencadeasse à criação de normas e regulamentações para a manutenção e controle dos sistemas de ar-condicionado, visando à saúde dos ocupantes de edifícios, o PMOC.

 

O PMOC - A lei federal 13.589, de 2018, conhecida como lei do PMOC – Plano de Manutenção, Operação e Controle, foi criada para promover e regulamentar a manutenção dos sistemas e aparelhos de ar-condicionado. Ela estabelece a obrigatoriedade da realização do plano de manutenção e da execução dos serviços de limpeza e manutenções corretivas e preditivas, que através de um cronograma técnico estabelece períodos para a realização dos serviços como:  lavagem dos componentes dos aparelhos, troca de filtros, limpeza de dutos, medição de fatores elétricos dos motores e as medições de qualidade do ar interior como CO2, particulados PM2,5 e PM10 e compostos orgânicos voláteis entre outros.


Determina a lei que a fiscalização completa da implementação do PMOC seja da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, através dos departamentos de estaduais. Adicionalmente os CREAs – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia dos estados têm a função de fazer a fiscalização do PMOC no que lhe compete, ou seja, a verificação da existência de um engenheiro Responsável Técnico e da ART – Anotação de Responsabilidade Técnica referente ao projeto PMOC.

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